quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

Poema periférico do meu operador


Poema periférico do meu operador

Um vago primo que nasceu em Salvaterra
Brilhou na baliza nos Jogos de Amsterdão
Sereno com seu coração em pé de guerra
Ele voava no ar com a leveza de um balão.
Chegava sempre aos dois cantos da baliza
Quando olhava para o campo tudo media
Com os seus olhos na medida mais precisa
Separando devagar a amargura e a alegria.
Todas as derrotas e as vitórias acumuladas
São quase calendário privativo do jogador
Que joga parte da sua vida nas bancadas
Na multidão que o aplaude num clamor.
As mãos desse vago primo tinham magia
Que foi depois herdada pelo meu operador
Mãos tão precisas num ritual de cirurgia
Que assim vai separando a morte do amor.

José do Carmo Francisco           

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